Histórico! Galo bate Olimpia nos pênaltis e é campeão da Libertadores
Atlético-MG tira vantagem paraguaia no tempo normal, suporta prorrogação e leva torcida ao delírio nos pênaltis, no maior dia de sua história de amor.
“Mas quando o lado heroico do Atlético prevalece, ele sempre sai de campo glorificado” (DRUMMOND, Roberto)
O Atlético-MG é campeão da Libertadores. O Atlético-MG é campeão da Libertadores. O Atlético-MG é campeão da Libertadores... Leia, releia, diga, repita, fale no espelho para ver se acredita. Acredita. Acredita sempre!
Os campeões do gelo fervem! Derretem os corações de sua Massa apaixonada. Com tudo, absolutamente tudo a que têm direito. Nenhuma palavra vai explicar a vitória por 2 a 0 no tempo normal, o 0 a 0 da prorrogação, os 4 a 3 nos pênaltis.
As lembranças de cada pessoa que foi ao estádio ou viu pela televisão contarão à sua maneira como a bola passava a um fiapo de cabelo dos pés de Bernard, mas não entrava. Como os chutes de Diego Tardelli e Ronaldinho teimavam em encontrar obstáculos.
Vai, Jô! Pega, Jô! Assim não, Galo...
Futebolista dos melhores que foi Djalma Santos, deve ter abençoado o minuto de barulho em sua homenagem: 60 segundos de hino do Atlético-MG cantado a plenos pulmões. O tempo... Esse ingrediente cruel das decisões.
O Galo tinha 90 minutos para fazer dois gols, mas parecia ter 90 segundos, tamanha pressa no início. Pressa inimiga da perfeição, todos aprenderam. A bola pouco parou no chão. Ronaldinho, que tão bem sabe o que fazer com ela, abusou dos lançamentos.
O Olimpia teve o peso da camisa tricampeã da Libertadores, mas não só isso. Os paraguaios não parecem ter sido tratados com a devida consideração. Os destaques do Galo foram mal no primeiro tempo, como já havia ocorrido no Paraguai. Não haveria mérito do técnico Hugo Almeida e sua linha neutralizadora de cinco defensores?
Bola para o Jô, que é final de campeonato. Sempre nele, que só conseguiu receber e fazer o pivô uma vez, mas o chute de Tardelli saiu alto. “Eu acredito! Eu acredito!” O mantra ecoava, e a Massa não acreditava que a bola cruzada por Tardelli passou a milímetros do pé de Bernard. Ah, se ele fosse um tiquinho mais alto...
A unha de Cuca sofria tal qual a garganta e o coração do torcedor, que viu Bareiro e Silva entrarem livres na área, mas finalizarem mal, sem força, nas mãos de São Victor dos Milagres.
Bernard trocou empurrões com Benítez. Victor socou o ar quando o árbitro interrompeu sua saída rápida. Ronaldinho não se conformou com mais um passe errado. E o primeiro tempo, que acabou com Josué como destaque, jogando e orientando, se foi. Hora de Cuca rezar, roer a unha e botar os nervos no lugar.
Esperança, angústia, medo e alegria
Assim que Wilmar Roldán encerrou a primeira etapa, Cuca foi apressado ao vestiário. Pensava no que fazer. Talvez pedindo uma luz à Virgem da camiseta e do coração. A luz veio em forma de Rosinei. E que luz rápida... Um minuto! O cruzamento dele não foi perfeito, mas Pittoni furou. A bola encontrou Jô, aquele a que todos procuravam. Gol! A Massa tirou o grito do peito.
Jô virou artilheiro isolado da Libertadores com sete gols, mas queria mais. Recebeu outra vez de Rosinei e tentou duas vezes. Uma nas mãos de Silva, outra para fora.
Faltava um. Só um... Tão pouco para o ataque que já fez quatro aqui, cinco ali. Mas uma enormidade para chegar ao título. Que ruído era aquele no Mineirão? Era esperança, aflição. Era inexplicável. O Olimpia se tornou absolutamente coadjuvante. Pareciam fantoches à espera do que aconteceria. Eles também têm fé. Como devem ter orado...
Como explicar o chute de Diego Tardelli, sem goleiro, por cima do gol? Estava impedido, o que alivia o erro incrível. Ele saiu logo depois, e entrou Guilherme. Substituição também de fé, de confiança em sua técnica, de superstição na expectativa que ele repetisse a semifinal e fizesse o segundo gol salvador.
Como explicar o escorregão de Ferreyra, sem goleiro, sem ninguém à sua frente? Ele não estava impedido. Um lance incrível, surreal, que arrancou mais um coro de “Eu acredito!”. Coro reforçado com a expulsão de Manzur. E era pra acreditar mesmo.
Como explicar que Leonardo Silva tenha precisado de três cabeçadas? Na primeira, não foi possível espichar o travessão para que ela entrasse. Na segunda, não foi possível tirar Martín Silva do caminho. Na terceira não houve trave ou goleiro que impedisse a catarse mineira, o delírio do "uai", a explosão absoluta de alegria. Alegria,alegria,alegria...
O Galo tinha um jogador a mais, 56 mil torcedores a mais e 30 minutos mais para entrar na história.
O ato final
9-0-0. Ok, não era bem esse o esquema do Olimpia na prorrogação, mas era quase esse. Contra a paciência do Galo, que virava para cá, para lá, achava espaços. A bola aérea era um trunfo. Réver acertou o travessão. “O Galo é o time da virada, o Galo é o time do amor!”. Josué, que jogador. Grande, vitorioso. Que chutaço. E que defesa do ótimo Martín Silva, uruguaio ícone da resistência paraguaia.
Na teoria, 9-0-0. Na prática, o esquema era “não tem mais jogo”. Valia puxar o braço de Victor, ir direto ao corpo de Bernard... Valia tudo. O Olimpia queria pênaltis. De novo?
Cuca já estava sem agasalho. Sem ar. Sem unhas. O Galo não pressionou como se esperava. Bravos paraguaios, valorosos.
Bernard desabou, sem a menor condição de jogar. Mas voltou. Falta para o Olimpia. Igualzinha àquela em Assunção. No mesmo lugar, no mesmo pé direito de Pittoni. Alecsandro dessa vez não correu para o gol. A bola saiu. Pênaltis. De novo!
Todas as orações a Victor. Todas. Até Miranda parecia devoto. O zagueiro abriu as cobranças tão mal... Como se o goleiro precisasse de ajuda. Pegou no meio do gol. Alecsandro pensou, olhou, bateu com perfeição e reverenciou o público. Ferreyra também bateu mal, mas fez. Era a vez de Guilherme, o talismã. Categoria pura. Galo na frente!
Candía bateu no meio. Fez o simples, fez o gol. Jô não perdoou. Gols em decisões por pênaltis não contam na artilharia do torneio. Nem precisou. Na cobrança de Aranda, São Victor mal viu a bola. Indefensável. Assim como o chute de Léo Silva, zagueiro que tem calma de centroavante para botar a bola na rede.
Se Giménez errar... Se São Victor pegar, o Galo é campeão. Se a bola não entrar, o Galo é campeão. Era esse o cenário no Mineirão quando Giménez tomou distância. A torcida sabia que acabaria ali. A bola acertou o travessão, acertou o coração de milhares, milhões de atleticanos. Milhões de campeões. Valeu a pena acreditar!
Globo Esporte
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