sábado, 10 de maio de 2014

ONG pede ação contra descaso em linhas férreas

Entidade cobra investigação do Ministério Público sobre o sucateamento da malha ferroviária pela ALL
Por Felipe Tonon

A Frente Nacional pela Volta das Ferrovias (Ferrofrente), uma ONG que atua na fomentação do uso de ramais ferroviários, quer que o Ministério Público Estadual de São Paulo (MPE) e o Ministério Público Federal (MPF) investiguem a conduta da concessionária América Latina Logística (ALL) na manutenção da malha ferroviária em todo Brasil — parte dela na região de Campinas.

De acordo com o presidente da entidade, José Manoel Ferreira Gonçalves, a malha férrea administrada pela empresa foi submetida ao longo dos últimos anos a um processo de sucateamento e não vem recebendo a manutenção adequada para funcionar com segurança. Como resultado disso, acredita a Ferrofrente, vários acidentes, inclusive com mortes, atropelamentos e descarrilamentos vêm ocorrendo ao longo da malha férrea. “Pessoas estão morrendo porque a ALL não tem cuidado da rede de forma adequada”, disse Gonçalves, sobre os atropelamentos e descarrilamentos registrados nos ramais — o mais recente em novembro do ano passado, em São José do Rio Preto, matou nove pessoas.

“Lucro é consequência do bom transporte, não pode inverter isso. Eles tratam a manutenção com descaso, não trocam os dormentes de maneira adequada”, criticou. Gonçalves também discorda da posição do governo brasileiro em relação às concessões. “O governo federal não conseguiu fazer uma concessão ferroviária. O sistema está abandonado, sucateado, improvisado”, declarou. Segundo o presidente da Frente, o objetivo é trabalhar para a cassação da concessão da ALL.

Segundo a assessoria de imprensa do Ministério Público Estadual, a representação foi encaminhada à Procuradoria da República pelo promotor Luis Claudio Bandeira, promotor cível de Santos, uma vez que a concessão para exploração de ferrovias é competência da União. Além dessa ação, existem outros dois procedimentos administrativos que podem se transformar em inquéritos no Ministério Público Federal.

Em nota, o MPF informou que não há uma definição sobre o rumo dos dois procedimentos. Um deles está sob responsabilidade da procuradora da República Elizabeth Mitiko Kobayashi e foi instaurado no último dia 15. O outro está sob os cuidados do procurador Marcos José Gomes Corrêa e teve início em 28 de fevereiro. “Nenhum deles foi transformado em inquérito ainda.” O órgão esclareceu que não comenta investigações em andamento.

ALL informa investimento de R$ 1,8 bi

A ALL nega que tenha promovido o sucateamento da malha. Por meio de nota enviada à imprensa, informou que já investiu mais de R$ 1,8 bilhão na recuperação dos trilhos sob concessão, além da compra de vagões e locomotivas e implementação de novas tecnologias para o transporte ferroviário.

“Esse valor representa um aumento de mais de 230% se comparado à gestão anterior. Os constantes investimentos em tecnologia e em melhoria da linha férrea permitiram que a companhia reduzisse em até 80% o índice de acidentes desde 2006”, disse, em nota.

Afirmou, ainda, que no Estado de São Paulo, desde 2006, a companhia já investiu cerca de R$ 700 milhões e substituiu 1,7 milhão de dormentes e 65 mil toneladas de trilhos, o equivalente a mil quilômetros de trilhos. “Fica clara, portanto, a conduta da ALL em promover o desenvolvimento e a ampliação do modal ferroviário no Estado.” (FT/AAN)

Fonte: Correio Popular de Campinas
http://www.sinfer.org.br/site/ultimas_noticias.asp?id_noticia=96323261&id_grupo=1&id_canal=1&p=1 

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