quinta-feira, 5 de junho de 2014

Inflação freia o PIB

 

Maurício Oliveira – Assessor econômico

O governo da presidente Dilma Rousseff está colhendo o que plantou ao brincar com a inflação e permitir que ela ficasse mais próxima do teto, de 6,5% ao ano, e não da meta de 4,5% determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A chefe do Executivo caminha para terminar o quarto ano de mandato com mais um pibinho. O ritmo de avanço do Produto Interno Bruto (PIB) caiu de 0,4% para 0,2% entre o último trimestre de 2013 e janeiro a março, conforme dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Esse resultado foi puxado, sobretudo, pela queda de 0,1% do consumo das famílias, que estão perdendo o poder de compra com a carestia cada vez maior. A desaceleração fez com que os economistas revisassem suas projeções de alta do PIB neste ano, agora mais próximas de 1% do que de 2%. E as apostas de queda já neste trimestre estão aumentando.

A fraca atividade econômica é resultado de uma produção industrial capenga, que recuou 0,8% no trimestre em relação ao mesmo período anterior e não tem capacidade de suprir a demanda interna e, por conta disso, faz o país caminhar para o primeiro déficit comercial no ano desde 2009, quando a economia brasileira estava em recessão, a reboque da crise financeira global, estourada em 2008, com a quebra do banco americano Lehman Brothers.

Além disso, os investimentos despencaram 2,1% no trimestre, fazendo com que a taxa de formação bruta de capital fixo em relação ao PIB caísse de 18,2%, no primeiro trimestre de 2013, para 17,7%, neste ano, o pior resultado desde 2009, quando a taxa ficou em 17%. Ao mesmo tempo, o brasileiro continua não conseguindo economizar. A taxa de poupança encolheu de 13,7% para 12,7% na mesma base de comparação, o pior patamar desde 2000.
Não à toa, o consumo das famílias, principal mola da expansão do PIB dos últimos anos, perdeu o fôlego em meio ao aumento dos juros mesmo com a Selic (taxa básica da economia) mantida nesta semana pelo Banco Central (BC) em 11% ao ano.

Fonte: http://www.cobap.org.br/capa/lenoticia.asp?id=57407

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