sábado, 10 de maio de 2014

MPF quer R$ 60 milhões de ex-presidente da Valec

Bens de ex-presidente da Valec estão arrestados em ação de lavagem de dinheiro. Mulher e filhos também foram denunciados criminalmente
Por Hélmiton Prateado

O Ministério Público Federal (MPF) quer levar a leilão os bens do ex-presidente da Valec, José Francisco das Neves, tão logo ele seja sentenciado pelo crime de lavagem de dinheiro. Juquinha teve seus bens arrestados no valor de R$ 60 milhões em ação penal decorrente da Operação Trem Pagador, realizada pela Polícia Federal em julho de 2012.

De acordo com a denúncia criminal, Juquinha teria superfaturado as obras da Ferrovia Norte Sul, principal realização da estatal que ele presidiu durante todo o governo Lula até ser destituído pela presidente Dilma em 2011. “Somente no trecho goiano da Ferrovia uma perícia da Polícia Federal indicou superfaturamento no valor de R$ 144 milhões durante o período em que Juquinha foi presidente”, o comentário é do procurador da República Hélio Telho, um dos autores da denúncia.

Juquinha das Neves foi preso quando a operação foi deflagrada. Além dele, sua esposa Marivone e o filho Jader Ferreira das Neves também foram presos e outros dois filhos foram conduzidos coercitivamente para a Superintendência Regional da Polícia Federal para serem ouvidos na mesma operação. Juquinha, inclusive, teve uma crise convulsiva de choro por ter envolvido a família no caso.

Segundo a denúncia do MPF Juquinha comprou imóveis com subfaturamento em seus valores reais para tentar burlar a investigação, pois não conseguiria justificar as aquisições em virtude de sua renda declarada. Uma das aquisições, uma fazenda no valor de R$ 20 milhões no município de Mundo Novo, no Vale do Araguaia, foi pago em dinheiro vivo, o que chamou a atenção das autoridades na época.

Muitos outros imóveis adquiridos por Juquinha durante o período em que presidiu a Valec foram colocados em nome de seus familiares, o que corroborou a inclusão deles na denúncia por lavagem de dinheiro. O MPF descobriu que ele comprou três casas no condomínio de luxo Alphaville Flamboyant, no valor de R$ 2,5 milhões cada.

Ressarcimento

Hélio Telho disse ainda que os objetivos da ação foram identificar, localizar e apreender a maior quantidade possível de bens obtidos por meio ilícito, “com a finalidade de assegurar que os criminosos não usufruam dos produtos do crime, garantir o ressarcimento dos danos ao patrimônio público, evitar que os bens desapareçam e sufocar economicamente a organização criminosa”, explicou o procurador.

Com ajuda da Polícia Federal o MPF conseguiu interceptar algumas gravações na época, que depois foram anuladas pelo Tribunal Regional Federal. Entretanto, o que já havia sido produzido de provas serviu para embasar a ação. O delegado da Polícia Federal, Eduardo Scherer, disse quando foi deflagrada a operação que os rendimentos de Juquinha jamais poderiam justificar tamanha evolução patrimonial.

“Na Valec, ele ganhava de R$ 13 mil a R$ 20 mil. É um salário de alto escalão, mas que não deixa ninguém rico”, afirmou o delegado.

Hélio Telho frisou que o patrimônio de Juquinha e o que está em nome de seus filhos e esposa está em torno dos R$ 60 milhões que foram arrestados como forma de garantir a reparação dos R$ 144 milhões. “Essa foi uma das medidas que adotadas e, além disso, ele responde à ação penal por lavagem de dinheiro”, explicou.

Em cada operação que ele realizou foi intentada uma ação diferente do MPF que compõe o grupo de ações judiciais visando à reparação. Tem até um outro terreno em nome de Juquinha, uma chácara em Caldas Novas, à beira do Lago de Corumbá, adquirido quando ele ainda era presidente da Celg, na década de 1990. Ele também foi arrestado também para garantir o pagamento.

“Tão logo a ação transite em julgado os bens deverão ser leiloados e o dinheiro retornará para os cofres públicos”, finalizou Hélio Telho.

Fonte: Diário da Manhã
http://www.sinfer.org.br/site/ultimas_noticias.asp?id_noticia=39785063&id_grupo=1&id_canal=1&p=1 

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