terça-feira, 4 de novembro de 2014

O caminho de volta do projeto do trem-bala


Resta saber se desta vez o governo saberá dar continuidade ao que começou como mais um projeto que ecoa alto dos palanques
Editorial do Jornal Correio Popular de Campinas

Quando já não restavam muitas esperanças de que finalmente o governo federal cumpriria o propósito de implantar um trem de alta velocidade ligando Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, eis que a presidente Dilma Rousseff se manifesta ainda interessada no projeto, que foi uma das cobranças da campanha eleitoral. Gestado há oito anos e usado abertamente como mote político desde o segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, o programa recebeu amplo apoio para sua implantação, mas uma condução desastrada levou à suspensão de três leilões, ao desinteresse de investidores e à incongruência de detalhes técnicos que comprometeu até mesmo os estudos realizados, que precisam ser novamente contratados e refeitos (Correio Popular, 30/10, A7).

Não restam dúvidas que o potencial das regiões metropolitanas de Campinas, São Paulo e o Rio de Janeiro justificaria todas as atenções e investimentos que coubessem para garantir a infraestrutura necessária para sustentar o crescimento econômico que, em essência, é a locomotiva da economia brasileira. Concentrando alta fatia do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, o polo é indiscutível força de ação, e enfrenta a iminência de um colapso em mobilidade urbana. Todo esforço para promover a integração com meios de transporte rápidos, econômicos e eficientes é festivamente recebido.

Ainda assim, resta um tanto de ceticismo diante da possibilidade de novamente o processo voltar a andar e haver a licitação para estudos de viabilidade já em 2015. O próprio governo se desautoriza pela hesitação e pelo discurso evasivo, sem nunca se desvencilhar o caráter político-eleitoral da proposta. Desta vez, será preciso um pouco mais de objetividade e clareza para que a ideia tenha alguma chance de vingar através da atração de investidores. O principal impasse começa no orçamento do trem, que o governo estimava em R$ 34 bilhões há dois anos, quando as empresas calculavam um mínimo de R$ 50 bilhões.

Diante da insegurança da proposta, da dificuldade de estabelecer metas e prazos, além do sempre presente discurso em períodos eleitorais, a perspectiva nunca abandonada é que o trem de alta velocidade um diapossa trilhar os caminhos da macrometrópole de Campinas-São Paulo, incorporado a outros projetos alternativos. Resta saber se desta vez o governo saberá dar continuidade ao que começou como mais um projeto que ecoa alto dos palanques, mas não reverbera nos caminhos das providências necessárias.

Fonte: Correio Popular de Campinas - http://www.sinfer.org.br/site/ultimas_noticias.asp?id_noticia=59794740&id_grupo=1&id_canal=1&p=1 
 

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