quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Vagões ocupados por moradores de rua são trocados por modelos abertos
Publicado: quinta-feira, 15 de janeiro de 2015
Mesmo com a retirada dos vagões abandonados, que serviam de moradia, a presença dos sem-teto ainda é nítida no local.
Por Giuliano Bonamim

A América Latina Logística (ALL) retirou os vagões usados de abrigo por moradores de rua na região central de Sorocaba. A medida provocou uma melhoria na poluição visual, mas causou a migração dessa população para debaixo do viaduto Jânio Quadros.

No lugar dos vagões cobertos foram colocados na mesma linha férrea um total de nove carros sem cobertura. Esses exemplares mais parecem sucatas: estão enferrujados, com várias partes deterioradas e resquícios de pedras e carvão no lado interno. Até mesmo os logos pintados de branco da ALL sobre a cor vermelha estão praticamente apagados.

Os vagões descobertos são vistos por quem passa pela avenida Dr. Afonso Vergueiro, uma das regiões mais movimentadas de Sorocaba. Ao lado desses carros é possível encontrar colchões, roupas e pedaços de papelão - provavelmente usados pelos ex-habitantes do local.

Mesmo com a retirada dos vagões abandonados, que serviam de moradia, a presença dos sem-teto ainda é nítida no local. No espaço pertencente à ALL, debaixo do viaduto Jânio Quadros, os moradores de rua montaram uma espécie de sala de estar. O cantinho de descanso contém um fogão, uma estante de madeira, uma cama, colchão, um monitor de computador quebrado e uma vassoura.

O acesso entre a rua e a linha férrea é feito pelos desabrigados por meio de um alambrado rompido. Basta deixar a área destinada aos trens, atravessar as duas pistas da avenida Dr. Afonso Vergueiro e chegar a uma das pontas do viaduto. Nesse espaço, ontem de manhã, havia cinco pessoas - duas dormiam no chão, cobertas por uma manta, uma estava sentada em uma cadeira e duas permaneciam em pé.

O comerciante Eli Chammas, 63 anos, trabalha há cinco décadas em um bar situado embaixo do viaduto Jânio Quadros. Segundo ele, a presença de moradores de rua sempre fez parte da paisagem do local. "Mas também é triste conviver com esses vagões abandonados. A gente mal consegue enxergar o outro lado da avenida", conta.

A aposentada Maria Conceição Leandro, 61, ressaltou que a existência dos vagões abandonados é apenas uma parte do problema. "É preciso ter mais policiamento para evitar as presenças de usuários de droga e pichadores", comenta.

Vale destacar que a base desses moradores de rua fica a poucos metros da entrada principal da Escola Municipal Matheus Maylasky. Nas proximidades também funciona o Terminal Santo Antônio, o maior e mais movimentado da cidade.

As dezenas de vagões cobertos e em deterioração estavam parados há meses na região central de Sorocaba. A Prefeitura estudou até a possibilidade de acionar a justiça caso a ALL não retirasse os carros deteriorados no limite urbano.

Rumo à oficina

Segundo a ALL, os vagões estacionados em área operacional têm sido encaminhados à oficina especializada para recuperação. A empresa informou ainda que, ao longo do ano de 2014, removeu da Malha Paulista aproximadamente mil carros obsoletos, os quais estavam devidamente garageados em pátios operacionais da companhia.

De acordo com a ALL, a remoção foi viabilizada somente após tramitação de processo de substituição de bens arrendados por bens próprios, formalizado através da assinatura de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (Antt) e ao Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit). A concessionária informou que tem atendido rigorosamente aos Contratos de Concessão e Arrendamento e adotado regularmente medidas de destinação de ativos inservíveis para casos em que não exista possibilidade de manutenção.

A concessionária esclareceu ainda que os vagões que aguardam recuperação, manutenção ou baixa definitiva estão estacionados nos pátios ferroviários ao longo na malha férrea, que são espaços adequados para alocar os ativos e de grande importância no contexto geral do transporte ferroviário. Por fim, ressaltou que todo processo de baixa de ativos necessita obrigatoriamente ser conduzido junto à agência reguladora: a Antt.

Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul - http://www.sinfer.org.br/site/ultimas_noticias.asp?id_noticia=12878393&id_grupo=1&id_canal=1&p=1 

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