quarta-feira, 14 de março de 2012

Figueiredo diz que não aceitou jogo baixo na ANTT

14/03/2012 - O Globo
Após perder o cargo por causa de uma disputa política, o ex-diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) Bernardo Figueiredo teve despedida de luxo nesta terça-feira. Na solenidade interna, o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, assegurou que Figueiredo continuará no governo federal mesmo após sua recondução ter sido vetada pelo Senado na semana passada, em votação comandada pelo PMDB do líder Renan Calheiros (AL).
- Você vai ser naturalmente convocado para estar conosco, porque o governo não pode se dar ao luxo de descartar um profissional do seu calibre, do seu quilate. (...) O Bernardo vai estar mais perto de vocês do que vocês imaginam. Não é um adeus, é um até logo - disse Passos, em cerimônia com a cúpula do ministério e os funcionários da agência no auditório da ANTT.
Para o ministro, ocorreu um movimento que afastou “injustamente” o ex-diretor. Figueiredo também credita sua saída a controvérsias criadas com empresas do setor. Ele disse à plateia de funcionários da agência que foi com profunda tristeza que assistiu, ao lado da mãe e demais familiares, a sessão do Senado em que foi atacado e teve a sua recondução vetada.

- Tenho dificuldade em aceitar esse jogo baixo, porque não vejo motivos para ouvir tudo o que falaram de mim - afirmou, sem citar exemplos ou pessoas.
Entre as controvérsias enfrentadas por Figueiredo, esteve a busca pela ANTT da redução das tarifas cobradas pelas ferrovias, cujo teto estaria inflado desde a privatização de linhas, há 15 anos. A expectativa do governo era de que a adequação das concessionárias reduziria suas receitas em 9% ao ano. Só a empresa MRS perderia, anualmente, R$ 500 milhões em receitas.
Em sabatina na comissão de infraestrutura do Senado no início do ano, Figueiredo destacou ainda que aplicou R$ 45 milhões em multas às concessionárias de ferrovias enquanto esteve à frente da ANTT. Na agência, enfrentou os donos de linhas de ônibus interestaduais, que devem ser licitadas novamente em breve.

A principal disputa foi travada com as grandes construtoras, quando insistiu em um leilão vazio para a construção do trem-bala - que deve ser feito de forma a atrair as empresas agora.
Figueiredo está cotado agora para assumir uma secretaria no ministério ou a presidência da Etav, a estatal que vai ser responsável pelo Trem de Alta Velocidade (TAV). Apesar de dizer que passará seus quatro meses de quarentena em “recolhimento e reflexão na roça”, ele não descartou eventual retorno ao governo, na área de transportes:
- Embora afastado, continuo com os mesmos sonhos, com os mesmos projetos que me acompanham por toda a minha carreira - disse.

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